Tecnologia

Congresso debate caminhos para a reabilitação de lesões cerebrais

Do teleatendimento à arte, palestrantes mostraram abordagens para tornar a reabilitação mais eficaz e acessível

Por Nathália Queiroz

Com o terceiro e último dia de eventos, nesta sexta-feira (9/5) foi encerrado o 1º Congresso Latino-Americano da World Federation for Neurorehabilitation — Federação Mundial de Neurorreabilitação (WFNR). O evento, realizado no hospital Sarah, reuniu especialistas de vários países para discutir avanços, práticas e desafios da reabilitação de pacientes.

Segundo a professora de artes, Mirelle Veríssimo, a troca de saberes e as interações em grupos de trabalho foram destacadas como de "grande valia" pelos participantes do encontro.

Um dos principais temas debatidos no congresso, classificado pelo Dr. Alvaro Massao Nomura — vice-presidente e cirurgião chefe da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação como importante — foi a aplicação da reabilitação em países que não possuem acesso a tecnologia de ponta. Segundo ele, é possível realizar a reabilitação de qualidade em um paciente mesmo sem acesso à alta tecnologia e robótica. "Quem não tem condição, tem como reabilitar-se, sim", enfatiza.

Rede Sarah - Felipe Machado - O vice-presidente da Rede Sarah, Alvaro Nomura, afirma que a reabilitação de qualidade também é possível longe da alta tecnologia

Ele acredita que isso enriquece os profissionais que trabalham numa em áreas remotas. E quanto ao Brasil estar preparado para adaptar o conhecimento da neurociência moderna, considera que, para isso, deve haver o uso de ferramentas acessíveis, como o teleatendimento.

(Foto: Nathália Queiroz/CB/D.A.Press) - O estudante Marcello Paixão se entusiasmou com as propostas de reabilitação e tele-exercício

O estudante de educação física, Marcello Paixão, que esteve no congresso, conta que estagia na unidade Lago Norte da Rede Sarah. "Atuo com canoagem e vela e gostei bastante das propostas voltadas ao tele-exercício e à reabilitação adaptada".

Arte como ferramenta

A abordagem humanizada se estende às artes. A professora de artes da Rede Sarah, Mirelli Veríssimo, apresentou um caso no congresso mostrando como as atividades de arte ajudaram um paciente que sofreu um AVC e lutava contra a depressão. Segundo ela, apesar dele nunca ter tocado em um pincel ao longo da vida, a dedicação à pintura revelou nele a neuroplasticidade e a capacidade de produzir trabalhos admiráveis.

Rede Sarah - Lucas Leite - A arte é uma ferramenta de reabilitação que traz resultados surpreendentes, segundo a professora de artes Mirelle Veríssimo

"Ele tinha a liberdade de criar do jeito dele e a gente ia só possibilitando os materiais, mostrando para ele como outros artistas pintavam", relata a professora.


Inovação

(Foto: Nathália Queiroz/CB/D.A.Press) - A neuropsicóloga Nariana Mattos apresentou um estudo sobre a intervenção cognitiva em pacientes com Parkinson

Além das trocas práticas e experiências humanizadas, o congresso também abriu espaço para a apresentação de estudos científicos desenvolvidos dentro da Rede Sarah. A neuropsicóloga Nariana Mattos, da unidade de Salvador, compartilhou os resultados de uma pesquisa sobre intervenção cognitiva em pacientes com Parkinson.

Segundo ela, o trabalho foi realizado com um grupo controlado e randomizado, algo desafiador na área, e demonstrou resultados positivos após quatro semanas de intervenção intensiva durante a internação dos pacientes. “Foi um estudo muito difícil, acompanhamos os pacientes por cerca de um mês. Ainda assim, muito rico”, destacou Nariana.

 

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