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Kelner Macêdo encara de peito aberto os desafios da atuação: "Exige coragem"

O ator paraibano de 30 anos fala sobre o cangaceiro da novela "Guerreiros do Sol", os desafios de viver um assassino na série "Tremembé" e o desejo de retornar ao cinema. "Essa carreira exige coragem. É o mundo inteiro falando não, você precisa falar sim"

Kelner Macedo, ator -  (crédito:  Helton Nobrega)
Kelner Macedo, ator - (crédito: Helton Nobrega)

Aos 30 anos, o ator Kelner Macêdo vive um momento de destaque na carreira, com a estreia da novela Guerreiros do Sol, no Globoplay, e a preparação para a série Tremembé, onde interpretará um dos assassinos do casal Von Richthofen, crime que chocou o mundo em 2002. Ao Correio, o paraibano falou sobre os desafios desses projetos, sua paixão pelo cinema e os aprendizados ao longo da trajetória artística. "Essa carreira exige coragem".

Em Guerreiros do Sol, novela totalmente gravada e com grande expectativa, Kelner interpreta Zé do Bode, um cangaceiro durão, mas com conflitos internos. "Ele é um homem da linha de frente, conhecedor de armas, mas que guarda seus sentimentos", explica o ator. "É um trabalho que fala de nós, da nossa história, então há muita expectativa para ver o resultado na tela e acompanhar as perspectivas apresentadas", completa.

Um dos pontos altos da trama é a "amizade mais profunda" do personagem com Hildebrando Cheiroso, vivido por Rodrigo Garcia. "Rodrigo é um amigo que eu já admirava há muito tempo, e foi um presente poder trabalhar com ele. Espero que o público se envolva com essa relação, que é sutil e se constrói em meio a um ambiente opressor, que é muito masculinizado no lugar da normatividade, e de escassez mesmo, de falta. Então, esse encontro reluz as coisas e traz sentimentos conflituosos para o Zé do Bode", adianta.

Para se preparar, Kelner mergulhou em pesquisas sobre o cangaço e treinou Muay Thai para ganhar resistência física. "O figurino pesava 20kg, e a gente gravava até 12 horas no sertão, sob sol e areia. Foi um desafio intenso, mas muito gratificante. Foi um mergulho em um passado ancestral, longe dos confortos e tecnologias atuais", relata.

Se em Guerreiros do Sol ele vive um personagem ficcional, em Tremembé a proposta é bem diferente: Kelner dará vida a Christian Cravinhos, um dos envolvidos no caso Von Richthofen. "Foi o maior desafio da minha carreira até agora", admite. "Christian é uma figura distante de mim, tanto no perfil quanto no contexto. A maior dificuldade inicial foi não julgar, já que se trata de um crime real e muito midiático".

Kelner explica que a série não se concentra no crime em si, mas no cotidiano da penitenciária de Tremembé, que abriga criminosos conhecidos. "Ela explora como essas pessoas convivem, como as relações se desenvolvem e como é a vida dentro daquele microcosmo", ressalta o ator. 

Para ele, o maior desafio foi o de equilibrar a aproximação da pessoa real sem perder o espaço criativo, mas também não romantizá-lo. "É importante não reduzir o personagem ao crime que cometeu, mas explorar suas camadas e complexidades. A narrativa exige que ele seja mais do que um criminoso — precisa ser uma pessoa".

Kelner Macedo como Zé do Bode
Kelner Macedo como Zé do Bode (foto: Estevam Avellar/Globo)

Retomada

Apesar do sucesso na tevê e no streaming, Kelner revela que seu grande desejo é voltar ao cinema — onde fez seu nome ao protagonizar o premiado Corpo elétrico, de Marcelo Caetano, em 2017. "Comecei minha carreira no audiovisual, e sinto falta daquele processo mais concentrado. O cinema brasileiro está em uma retomada, estamos mais uma vez nessa retomada e espero que as coisas realmente se abram mais. O meu desejo é fazer tudo porque eu amo trabalhar, amo fazer novela, série, eu mas eu estou com saudades de um cineminha", avisa.

Refletindo sobre sua trajetória, o sagitariano destaca a importância da resiliência. "Essa carreira exige coragem. É o mundo inteiro falando não, e aí você precisa falar sim. Porque se você fala não, aí realmente acabou. É preciso insistir, é preciso persistir, é preciso se colocar de pé e caminhar mais uma vez. Porque é isto: uma estrada que continua, que não se acaba. Acho que esse é um trabalho para a vida inteira. Então, as coisas vão acontecendo no tempo delas mesmo. O que importa é continuar trabalhando, sem deixar a ansiedade atrapalhar."

Kelner está acreditando no caminho, no tijolinho a tijolinho, como ele próprio diz. "A estrada ainda é longa e eu vou indo em paz", conclui.

  • Kelner Macedo, ator
    Kelner Macedo, ator Helton Nobrega
  • Kelner Macedo, ator
    Kelner Macedo, ator Helton Nobrega

 


postado em 16/06/2025 08:00 / atualizado em 16/06/2025 17:15
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